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Brasil

08/02/2018

Número de apreensões de drogas em aeroportos do Brasil dobra em 2017

Número de apreensões de drogas em aeroportos do Brasil dobra em 2017

A Polícia Federal apreendeu 4.525 kg de drogas nos aeroportos do Brasil em 2017 – o que equivale a cerca de 400 kg por mês. O volume é quase o dobro do registrado no ano anterior, quando foram retidos 2.272 kg de drogas. Os dados foram obtidos pelo G1 por meio da Lei de Acesso à Informação.

Das drogas apreendidas, a cocaína continua ocupando o 1º lugar. Mais de 2.500 kg da droga foram apreendidos em aeroportos do Brasil no ano passado. As maiores quantidades foram encontradas em aeroportos movimentados, como o de Guarulhos e os do Rio de Janeiro.

Segundo o pesquisador da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Ronaldo Laranjeira, o Brasil é um dos principais mercados consumidores de cocaína. Um estudo feito pela Unifesp, divulgado em 2012, indica que o Brasil responde por 20% do mercado mundial de cocaína e é o 2º maior consumidor de cocaína e derivados, atrás apenas dos Estados Unidos.

A segunda droga mais apreendida em aeroportos foi o skunk, variação da maconha com maior concentração de THC (tetraidrocanabinol), que é uma das substâncias responsáveis pelos efeitos psíquicos. Foram retidos quase 1.000 kg de skunk em aeroportos. O dado impressiona, já que houve um aumento de 4.373% em relação a 2016.

"O preço do skunk é muitas vezes maior que o da chamada maconha prensada. O skunk é uma droga mais sofisticada. Mesmo na Holanda, o skunk é considerado uma droga ilícita", afirma Laranjeira, diretor do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas (Inpad).

O psiquiatra e especialista em dependência química Arthur Guerra alerta que essa droga tem como efeito crônico o prejuízo na capacidade de aprendizado e memorização. "Também pode induzir um estado de diminuição da motivação, por vezes chegando à síndrome amotivacional, quando a pessoa não sente vontade de fazer mais nada, tudo parece ficar sem graça", afirma.

Também houve um aumento na apreensão de drogas sintéticas. Foram 929 mil comprimidos retidos nos aeroportos no ano passado, contra 757 mil em 2016.

Em 2017, o número de apreensões de ecstasy chegou a quase 500 mil comprimidos – um crescimento de 334,7% em cinco anos. Já a metanfetamina teve o pico de apreensões em 2016, quando 421.546 comprimidos foram retidos.

No levantamento, é possível constatar que o Aeroporto de Guarulhos continua sendo o principal local das apreensões de drogas. Ele é o aeroporto mais movimentado da América do Sul, com mais de 700 pousos e decolagens diários.

Apenas em Guarulhos foram retidos 1.847 kg de drogas em 2017 (o que corresponde a 1/5 do total do país). Manaus aparece logo atrás, com 844 kg de drogas apreendidos em um ano. No aeroporto, a droga mais apreendida foi o skunk (72,5% do total). Uma operação realizada pela PF no fim do ano prendeu vários suspeitos de integrar um esquema de transporte da droga.

Houve ainda grandes capturas em aeroportos de Rio de Janeiro, Brasília e Campo Grande.

O número de presos com drogas em aeroportos também cresceu 52% em 2017. Em 2016, foram 417 presos. Em 2017, o número passou para 634. A maioria dos presos é do Brasil. Os principais estrangeiros presos são bolivianos (39), venezuelanos (34), sul-africanos (32) e nigerianos (24).

O psiquiatra e especialista em dependência química Arthur Guerra lembra que o consumo de drogas e suas consequências é uma "questão complexa e multidisciplinar". Do posto de vista médico, diz Guerra, é preciso investir em três eixos: prevenção, assistência e pesquisa.

"Não basta cuidarmos daqueles que sofrem de problemas decorrentes do uso de drogas, é imprescindível que a população – em especial os segmentos mais vulneráveis, como os jovens – seja protegida. Já a pesquisa é essencial para monitorar o consumo de drogas e suas consequências e também para avaliar as efetividades de programas de prevenção e tratamento", acrescenta.

 

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Fonte: GOIOERÊ | CIDADE PORTAL | G1

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